Frota colossal brasileira não vai rodar.
 (SMB@2013)
Revista AGENCIAUTO/DF



O Brasil é um país de grandeza Continental, em matéria de território, população e, sobretudo, Produto Interno Bruto (algo em torno de três trilhões de dólares). O PIB representa a soma de toda riqueza gerada pela nação, levando-se em conta a relação entre os interesses distintos que estão por trás dos esforços das empresas (dilema entre tributação e nível geral de investimentos) e pelas famílias (dilema entre consumo e nível geral de renda) em uma economia.

Os agentes econômicos (entes privados e o governo), ao longo da história, fizeram com que a frase “se não trabalhar não come” fosse lida de forma ampliada em sociedade: “a nação só comerá aquilo que produzir”. E essa perspectiva se alterou de micro para macro porque, em se tratando de escassez, os recursos limitados devem ser muito bem geridos, pois as necessidades são ilimitadas.

No caso da qualidade de distribuição de toda essa riqueza (R$6 trilhões/190.000.000 habitantes/12 meses=R$2.631,58), o Brasil não se encontra em posição interessante. Internacionalmente, somos a sétima potência, em matéria de geração de riqueza nacional. Mas, encontra-se entre os últimos na prestação de serviços eficientes e eficazes às sua população de quase 200.000.000 de pessoas. Outra coisa surpreendente é a alta carga tributária (direta e indireta=40% da receita bruta), que cobra cinco meses de trabalho dos contribuintes. Por fim, somos iludidos que o PIB nos coloca em situação de um dos países mais ricos dentre as mais de 190 nações do planeta: hipocrisia e globalização.

Para se ter uma idéia mais exata dessa força potencial do mercado interno brasileiro, basta observar o comportamento da produção e consumo de bens duráveis. Os eletrodomésticos, os eletroeletrônicos, os móveis, os automóveis são bens que, dependendo de sua qualificação contábil, tornam-se também ferramenta de trabalho imobilizado nas empresas. No caso que nos interessa mais, os automotores, no Brasil há uma frota de veículos gigantesca.

Segundo dados do DENATRAN (2010), eles representam mais de 64.000.000 unidades. Esse fenômeno supera a população de vários países. Olhe bem, apenas a arrecadação de IPVA dessa frota representa quase R$ 22 bilhões. Outro fato que supera o PIB de muitos outros países. Nessa mesma ótica “na arrecadação do IPVA por habitante encontramos o maior valor, de R$ 238,01, em São Paulo, seguido do Distrito Federal, R$ 223,66 ,de Santa Catarina com R$ 146,46 e do Paraná, com R$ 137,78”. Agora, com relação a devolução desses tributos à sociedade... “pela quarta vez consecutiva, o Brasil, que está entre as 30 nações com as maiores cargas tributárias do mundo, se posiciona no último lugar como provedor de serviços públicos de qualidade à população, como saúde, educação, segurança, transporte e outros (Estudo sobre a Carga Tributária/PIB X IDH www.ibpt.com.br).

O que se pode fazer para que os tributos cumpram a sua plena função em sociedade (o bem estar social)? Existe um grave erro, no caso dos transportes, já que os veículos não têm lugar para rodar, as ruas estão cada vez mais congestionadas e não há política e programação econômicas de curto, médio e longo prazo. Esqueceu-se de direcionar o IPVA para seu fim legal: o trânsito e os investimentos em estradas e vias públicas.  

É preciso deixar claro que os interesses dos que produzem e vendem automóveis são os mesmos interesses dos que os compram: valor de uso e de troca. E os interesses do governo? Os tributos (como IPVA) são bem vindos quando na sua alocação para obras de infra-estrutura de bens públicos (transporte coletivo e vias de rodagem para transporte individual). Caso contrário haverá mais automóveis que população (bem como há mais aparelhos celulares do que habitantes) e não haverá estradas para rodar.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Arte Barroca como Reprodução Cultural do Poder

A REALIDADE DA VIDA