O dia dos enamorados
(SMB@2012)

Os enamorados têm corpos nus dispostos ao vento.
Os enamorados fazem livres escolhas tênues entre o ir e o não ir ao Sol.
Os enamorados são dois corpos livres que se unem em um só diante da Lua.

Enamorar é escolher junto entre ser só o Sol, e, em não ser só a Lua.

Ser um, quando se quer ser dois no crepúsculo.
Ser dois, quando não se espera a comunhão do dia com a noite.
Ser uno, na complementariedade da matéria diurna com a noturna.

Namorar é colocar para viver junto o Sol e a Lua.

Ser companhia, nas horas de dor.
Em ser amigo, nas horas de frustração.
Em se dar, ao sangue, nas horas de amor.

O dias dos enamorados é um dia de Sol com Lua.

No dia em que te vejo, não te tenho.
O momento noturno em que não me quer, te desejo.
O caso em que a minha vontade é maior, a sua de não me amar.

Estamos juntos nesse jogo de vice e versa.

O dia dos namorados não é se consumir nas trocas falsas de prazer.
O dias em que nos enamoramos não é mais forte que nossa razão de escolher amar o próximo como a nós mesmos.
É o dia em que os emanorados não se entreguem num sedioso amanhecer mais tarde.


É crepúsculo, algo de permanente entre aurora e entardescer.

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