A Vivência dos Mitos e a Individuação

Passar por uma vivência é muito importante para reviver um sentimento que outrora era vivo e, pelo poder de Cronos, fora esquecido no túnel da consciência de quem incorpora a persona de um Mito. Porque reviver os mitos universais é renascer das sombras e brilhar na luz do conhecimento de nosso EU mais profundo: ao ir a si mesmo.
Individuar é conhecer a si mesmo, por dentro: de dentro para fora. Para que isso seja possível é preciso partir do plano individual em que congregamos diversos valores e ir ao encontro do mundo que nos preenche consciente e inconscientemente. De forma consciente, o que nos enche é a figura e, inconscientemente, o que nos preenche é o símbolo. A figura é o mundo no qual construimos nosso cotidiano laico, enquanto que o símbolo é o espaço dos mitos que regem esse mesmo mundo. Assim, a vivência dos Mitos nos leva, por certo, até o encontro com os Arquétipos de nós mesmos. Esses símbolos-mãe da humanidade são criações primevas tais como os símbolos das cartas do Tarot (representando mitologias) que, pela Água, pela Terra, pelo Fogo e pelo Ar firmaram-se como as representações universais de sustentação dos anceios humanos, ao longo das Eras.
Por ter um núcleo estruturante que veio se reproduzindo às gerações futuras, muito além das vontades políticas e mundanas de supressão, acomodação ou assimilação cultural, esses símbolos-mãe se fizeram em Mitos e, como tal, perduraram na transmição oral das famílias até hoje, seja no dilema de Prometeu Acorrentado diante dos mistérios superiores e no triunfo sobre todas as adversidades aludido no Carro de Ozíris, seja na purificação das Águas de Poceidon ou na transmutação do Fogo de Apolo, os Mitos vivem. A vivência é isso, ir fundo no poço para beber a mais límpida água fresca, apesar da descida aguda na escuridão da consciência.
Para que seja possível se chegar ao processo de individuação, preconizado por C.G.Jung, notadamente, é necessário o contato com o Self do indivíduo para que, como consequência dessa introspecção aprofundada, haja a comunicação entre a nossa consciência pessoal (coisas) e nossa consciência coletiva (símbolos). Nessa ida para dentro de si mesmo e nesse acordo entre o que é e o que pode ser, há a descoberda da Luz e da Sombra em nós mesmos. Até então, elas permaneciam latentes em nós, mas, Jung acreditava que podíamos ir além, nos achando em nossos símbolos mais profundos e adormecidos. Jung acreditava que o processo de individuação cumpria tal papel, em que o processo em si vai levando o Ser a ser repleto em seus Mitos, ao longo das vivências em sociedade: os ritos de passagem nas sociedades pré-americanas demonstram isso claramente, por meio dos sacrifícios nos Oráculos.
Há uma turma de psicólogos, jornalistas, autônomos e estudantes em Goiânia que está empenhada em tornar esse processo de saída da caverna platônica mais usual em nosso cotidiano Business em que congregamos valores que, muitas das vezes, não nos são próprios: porque carregam o peso da ideologia em si mesmos. Então, grupos de estudos aprofundados como esses a que me refiro devem ter mais apoio, mais aderentes e mais reconhecimento, para que a humanidade possa ser vista como ela é: simbólica. Numa atividade como o é a vivência de um Mito universal ocorre a transformação do Self dos participantes, porque a redescoberta daquilo que está adormecido eleva a consciência do Mito e suas ações em nossa inconsciência pessoal e coletiva. Parabéns ao grupo todo e, muito mais, sucesso nas próximas vivências!

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